O medo da energia do átomo:
"A explosão no complexo nuclear de Fukushima, no Japão, é o pior desastre envolvendo radiação desde o derretimento de um dos reatores da usina de Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986. Descontrolados depois do terremoto e do tsunami que abateram sobre o Japão, os seis reatores de Fukushima já deixaram escapar radiação em níveis preocupantes.
A gravidade do desastre ainda é tema de debate entre os especialistas. O maior risco é o derretimento de um dos reatores. Isso ampliaria a contaminação e tornaria inabitável por décadas uma região com o triplo da área do município de São Paulo ─ em um país de extensão territorial exígua. Na melhor das hipóteses, haverá um aumento na incidência dos mais variados tipos de câncer nas populações mais expostas. Na pior, a tragédia poderá reviver o horror radioativo que sucedeu ao bombardeamento atômico de Hiroshima e Nagasaki em 1945.
Diante desse sentimento, é inevitável que a energia nuclear ─ ainda que essencial para a economia japonesa ─ passe a enfrentar maior resistência no país. Aumentará, sem dúvida, o uso de fontes energéticas poluentes, como gás natural ou carvão. Por causa do dano de imagem num momento em que a energia do átomo começava a ser vista como alternativa limpa e segura ao carvão e ao petróleo, a expansão nuclear pode perder fôlego no planeta. Mas dificilmente parará. Ao que tudo indica, os países que planejavam construir usinas atômicas ─ como Estados Unidos, Rússia, Índia e China ─ manterão seus planos. Aqueles onde há maior resistência à energia nuclear ─ como Alemanha ou Suíça ─ deverão acelerar a desativação de suas usinas. A resistência de muitos tende, porém, a arrefecer no mesmo ritmo em que a radiação de Fukushima se dissipar.
No Brasil, os adversários da expansão de nosso parque nuclear usarão o Japão como emblema dos limites dessa tecnologia. A eficácia dessa argumentação dependerá das consequências do acidente. O governo brasileiro parece pouco inclinado a considerar qualquer pressão externa em seus planos de construir quatro novas usinas no Nordeste, além da central de Angra 3, no Rio de Janeiro. À medida que essas centrais nucleares se expandirem pelo país, teremos de aprender a conviver com os riscos ─ e com o medo ─ que elas trazem. O exemplo japonês revela que, acima de tudo, devemos cobrar o maior nível possível de transparência de nossas autoridades."
Boa noite pra todos!!! Informo que a partir da próxima postagem o blog volta às suas atividades normais. Kissus ;*
Nenhum comentário:
Postar um comentário